Idosos: a bola da vez do mercado de trabalho.
A terceira idade está em alta quando o assunto é mercado de trabalho. A incerteza que cerca o “pleno emprego” parece não ter afetado aqueles que possuem mais de 60 anos. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), entre o segundo trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2014, o total de pessoas empregas nesse faixa etária aumentou mais de 6%. Isso equivale a mais de cinco vezes a média brasileira nas outras idades.
O bom momento para esse público, segundo especialistas, tem explicação e é motivado por diversos fatores. Mais independentes e com a expectativa de vida melhor do que há algumas décadas, muitas empresas tem optado por esse profissional por se apresentar uma mão de obra mais qualificada e de um amplo conhecimento técnico. Há companhias que até preferem manter um funcionário sênior em lugar de dois profissionais.
“A experiência com certeza é um grande diferencial, a maneira de enxergar os desafios transfere aos mais jovens segurança e maturidade a ponto de gerar equilíbrio nos times internos. Geralmente este tipo de profissional tem sua vida financeira equilibra e, pela sua maturidade, dificilmente entrará em conflito”, afirma Julio Amorim, diretor-presidente do Great Group, empresa especializada em consultoria e gestão empresarial.
Um estudo realizado pela consultoria de recursos humanos Hays indicou a preferência de algumas companhias na contratação desse profissional. Ao todo, 20% das empresas têm optado por aposentados para ocupação de cargos segundo o estudo. Desse total, as funções mais procuradas são de cargos técnicos (engenharia, finanças e comercial), de diretoria e para a gerência.
Mais consumistas e mais independentes
Outros motivos que tem levado a população da terceira idade voltar ao trabalho estão no fato desse público ser cada vez mais exigente e propenso a gastar mais para consumir melhor. Consequentemente, permanecer no trabalho se torna uma opção do ponto de vista emocional, mas principalmente financeira.
O Brasil tem hoje aproximadamente 24 milhões de consumidores acima dos 60 anos de idade. Desses, segundo uma pesquisa inédita realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com pessoas acima de 60 anos nas 27 capitais, 41% afirmam gastar mais com produtos que desejam do que com itens relacionados às necessidades básicas da casa. Além disso, seis em cada dez (66%) entrevistados da terceira idade disseram que a vida financeira que levam atualmente é melhor do que há alguns anos.
“Com o aumento da expectativa de vida e a melhora na qualidade de vida dos idosos, o comportamento independente em relação às decisões de consumo será cada vez mais frequente neste grupo. Uma das principais conclusões da pesquisa é que os consumidores da terceira idade, mais ativos no mercado de trabalho, estão satisfeitos com sua vida financeira”, analisa Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
Jovens x idosos no trabalho: há conflito?
Uma das grandes polêmicas que envolvem pessoas mais velhas no mercado de trabalho está no preconceito entre os jovens. Mas será que ele ainda existe?
Infelizmente, sim. “O preconceito ainda tem sido o maior inimigo no mercado de trabalho, mas isso não pode e não deve paralisá-los, pois é crescente o número de idosos que buscam uma melhor capacitação profissional, bem como é cada vez maior o número de vagas abertas para essa faixa etária”, indica Aline Lopes, psicóloga da ASBP – Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos.
De acordo com o médico e pesquisador na área de Neurociência do Comportamento, Jô Furlan, isso é causado principalmente pelas barreiras culturais. “Nessa hora é importante ressaltar as virtudes especificas desses grupos diferentes em vez de acentuar essas diferenças. Vale lembrar a importância do respeito, mesmo em situações em que surgem diferenças de opiniões e de valores”, aponta.
Jô Fulan ainda destaca alguns pontos importantes que podem melhorar o comportamento diante de colegas mais jovens. “No caso de um cargo de chefia é muito importante valorizar as possibilidades, em vez de ressaltar a provável inexperiência. Já no caso de ser o subordinado, vale lembrar que o respeito à cadeia hierárquica é fundamental, com a consciência de que se está trabalhando na equipe e o chefe, apesar de ser novo, acreditou que ele idoso pode somar, fazer parte da solução e tem competência para tal. Caso seja um comportamento entre colegas, vale a boa dica ‘respeite para ser respeitado e não faça ao outro o que você não gostaria que fizessem contigo’. Isso se aplica a ambas as partes envolvidas”, finaliza Furlan.
FONTE: Administradores.com